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Flavia da Silva – nascimento do João

Flavia da Silva – nascimento do João

domingo, 2 de dezembro de 2007

O NASCIMENTO DO JOÃO

Quando fiquei grávida, não tinha a mais remota idéia de como seria ser mãe, muito menos que havia coisas sobre o parto que tínhamos que decidir ANTES de ir à maternidade, ficava horas na internet e demorei um tempo pra entender que o significavam palavras como epsiotomia, ocitocina, colostro, indução de parto, etc.

Então decidimos fazer um curso de preparação ao parto e por “sorte” encontramos um curso que apoiava o parto natural, aprendi muita coisa e a cada “classe” nos convencíamos da importância de um parto humanizado.

Eu já tinha entrado na 36ª semana quando finalmente nos decidimos por parto domiciliar, quase já era tarde, mas “por sorte” a semana prevista para o parto era a única que estava livre e como já conhecíamos as parteiras elas aceitaram fazer o parto do João.

Foi uma correria porque o pequeno podia chegar a qualquer momento e nessa semana fizemos várias consultas com as parteiras para passar exames, ultra-som, tivemos várias entrevistas para contar um pouco como somos e definimos detalhes importantes como, por exemplo: Se acontece alguma coisa fora do previsto a que hospital ir, quem dirige etc. Depois dos esclarecimentos, começamos com a lista dos preparativos para o grande dia…

Moro em Barcelona e minha mãe veio ficar comigo no ultimo mês da gravidez, a casa que morávamos só tinha um quarto e decidimos mudar para outra casa (a 60 km de Barcelona) o tempo que minha mãe ficasse com a gente. Por opção pessoal, eu preferia que no dia do parto não tivesse muitas pessoas em casa, só meu marido e as parteiras e com duas casas era mais fácil.

Agora sim… já tinha entrado na 39ª semana e tínhamos tudo preparado.

39ª semana e 5 dias:

Na sexta feira (30.11) dormimos em Barcelona porque tínhamos uma reunião com as mamás do mês e as futuras mamás, foi muito emocionante e me sentia muito tranqüila.

No sábado voltamos pra outra casa, a tardezinha me sentia cansada (pensava que era por tantas idas e vindas a Barcelona), e às 21:00 hs enviei uma mensagem para as parteiras explicando como tinha passado o dia, (algumas contrações sem dor e irregulares e que amanhã eu dava mais noticias) e fui pra cama.

Acho que dormi um pouco e acordei com uma contração diferente, parecia de cólica menstrual e a diferença entre essa e as contrações que tinha sentido durante essa última semana era muito sútil… mas eu sabia que essas eram de verdade.

Disse ao marido que estava jogando cartas com a minha mãe, que era melhor ir a Barcelona e dormir ali porque parecia que estava “começando”…

ele responde: Ok. Mas posso terminar essa partida que estou ganhando? Risos.

E comecei a me arrumar para sair enquanto ele terminava a partida, minha mãe o deixou ganhar para acabar mais rápido e fomos pra nossa casinha.

Enviamos outra mensagem às parteiras e avisamos que estávamos indo a Barcelona porque as contrações eram diferentes.

Resposta: Ok. Tentar dormir e descansar, água quentinha, estar cômoda e ânimos.

No carro as contrações começaram a ser regulares, vinham cada 7 minutos e cada vez duravam mais…

Chegamos em casa às 00:30 hs (do dia 02.12) me sentia muito cansada e fomos pra cama tentar dormir… tínhamos muito sono e por incrível que pareça dormíamos entre uma contração e outra.

A única maneira para aliviar a dor era ficar de quatro com a cabeça baixa e meu marido me fazia uma massagem na região lombar… uf.. era um alivio, então ficamos assim até as 04:00 hs mais ou menos, quando tive que me levantar para vomitar, fiquei um bom tempo no banheiro, botei tudo pra fora… e meu marido ligou pras parteiras para informar de que como estava a situação e se era normal os vômitos… Elas que estavam em outro parto (já no final) falaram pra que eu tomasse um banho quentinho que uma delas já viria pra casa.

Entrei no banho e passei duas contrações de pé que doíam muito, quando saí do banheiro a parteira (Maria) já tinha chegado. Examina-me um pouco, escuta o coraçãozinho do bebe, (tudo bem!) e me faz um toque: 3 – 4 cms…

Oh.. não… Não podia acreditar, pensava que já estava muito mais avançada… e foi como um balde de água fria.

Ela foi descansar no sofá e ficamos no quarto deitados, dormimos um pouquinho, acordava com a contração, massagem do marido e voltar a dormir…

Nesse momento pensei como seria parir em um hospital, me sentia bem em casa, já tinha apagado todas as velas, porque me incomodava muito a luz (imagine uns focos??) já quase nem respondia quando o marido falava (imagine ter que agüentar médicos, residentes e enfermeiras??) definitivamente a chegada do João não podia ser diferente…

Às 8:00 hs as contrações já eram regulares e muito doloridas, já não podia estar deitada e me levanto, dou umas voltas na casa, o marido saí pra comprar café da manhã, a parteira me faz massagem quando vem as contrações, provo de ficar de cócoras, provo de ficar de pé apoiando a cabeça na mesa, provo de andar um pouco…

Maria quer ver como está o bebê, então volto pra cama, escuta o coração dele e me fala: Está tudo bem. Ele esta feliz, aproveitamos pra ver a dilatação e já estava de 7-8 cm… e ela super doce, dizia, muito bem Flavia, você esta fazendo muito bem… e isso me anima…

Mais ou menos às 9:30 hs uma contração mais forte e estoura a bolsa e a partir daí tudo foi muito intenso… as contrações doíam muito, Maria pergunta se eu quero que preparem a piscina (piscininha de parto inflável) para terminar de dilatar… e eu digo que sim, mas que nada para que me deixassem tranqüila… sinto muita dor e de repente quase não sinto dor… entro em uma espécie de transe e me deixo levar…

As parteiras falam que existe o “planeta parto” e eu acho que estou ali, vou pro banheiro e me sento, agarro uma toalha que estava pendurada e começo a fazer força, já não penso na dor, só sinto que o pequeno astronauta já esta chegando…

Grito, emito ruídos, sinto como se meu corpo soubesse exatamente o que fazer…

Maria entra no banheiro com um espelhinho, me examina, e fala pra irmos pro quarto porque se não João nasceria ali mesmo, fala pro marido ligar pra outra parteira que venha rápido.

E vamos pro quarto, colocamos um colchãozinho no chão e fico de quatro com a cabeça apoiada no colo do marido, que segurava minha mão com força…

Meu corpo pede pra fazer força e gritando encontro forças que nunca imaginei que tinha…

Sai a cabeça, (Maria comentou depois que o pequeno tinha a mão na cabeça o que dificultou um pouco, primeiro saiu o braço estilo super man e depois a cabeça), Maria controlava, agora faz força, agora sopra, agora…. e escutamos o choro…

O JOAO JÁ ESTA AQUI…

Ela me passa o bebê, ao contrario do que eu pensava, não quero saber se tem todos os dedos, se é bonito, se é gordo, se está sujo… não faço nem um tipo de chequeio, só seguro ele nos braços, o papai do lado se emociona e nos abraçamos…

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Dr. Marcos Tadeu Garcia
® Dr. Marcos Tadeu Garcia - CRM 65.651 - Mestre em Obstetrícia pela Universidade Federal de São Paulo - EPM
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