Ariany Moreira – nascimento de Suraj
Comecei a ter contrações no dia 27/09 e fui até o Hospital Sofia Feldman. Me examinaram e constatou 2cm de dilatação. Voltei para casa.
Estava muito ansiosa e nervosa. As contrações ainda não eram freqüentes, mas resolvi ir novamente ao Hospital no dia 29/09 e foi constatado 3 cm de dilatação. Fiquei frustrada e mais nervosa ainda. O médico disse para eu caminhar e voltar depois de 2 horas. Nesse dia voltamos para casa, eu e meu marido Mário Marcos e procurei relaxar. Tudo estava normal, não tinha porque me preocupar, mas não foi fácil controlar a ansiedade. Caminhei bastante, mas nada acontecia.
Do dia 30/09 para 01/10 dormi muito bem, como há muito tempo não fazia. Acordei disposta, arrumei a casa, as roupas e varri o quintal. E ainda assim, continuava me sentindo bem e disposta! Parei por alguns instantes e veio a preocupação: eu estava no processo de dilatação há cinco dias! Disse ao meu marido que gostaria de ir para o Hospital depois do almoço, só para ver se tudo estava bem de verdade. Às 16:00 hs entrei no carro e então as contrações começaram e não pararam mais. Cheguei no Hospital e veio a notícia que estava esperando: 8 cm de dilatação!
Fui internada na Casa de Parto às 17:00 hs. Me levaram para o quarto onde fica a banheira e eu quase não acreditei! Me perguntaram se eu conhecia o “Parto na Água”. “Claro que conheço e venho querendo isso desde o meu primeiro filho, que também foi parto normal, porém com intervenção médica.” Foi quando entreguei meu “Plano de Parto”, que foi de grande ajuda, pois assim eles puderam saber como fazer e o que eu esperava do parto. A enfermeira de plantão foi um doce e nos recebeu muito bem. Tomamos banho enquanto a banheira enchia. Nesse quarto havia um quadro lindo de uma mulher mais velha grávida e usando um Sári (roupa típica indiana) azul-turquesa.
Com a face voltada para o céu e com as mãos sob o ventre. Entrei na banheira e senti meu corpo flutuando e as contrações estavam suportáveis. Fiquei um tempo relaxando…
O Sol se foi e a pouca luz trazia-me uma paz maravilhosa! Saí da banheira e senti o peso que, por algum tempo, havia me esquecido. Sentei-me sobre uma bola grande e era prazeroso, mas quando vinham as contrações, cada vez mais freqüentes, tinha que me ajoelhar sobre a cama e abaixar minha cabeça, como se estivesse orando, para poder suportar as dores. Era a hora da troca de plantão no Hospital.
Então veio o Edvan, enfermeiro que mais tarde nos ajudaria no parto. Aconselhou-me a tomar outro banho, enquanto meu marido fazia massagem em minhas costas.
Era impressionante o poder da massagem de como aliviava as dores! As contrações estavam cada vez mais freqüentes e quando vinham eu chamava meu amor para fazer a massagem.
Sua mão era firme e pesada, com movimentos precisos. Por fim eu já estava mandando-o fazer a massagem, pois comecei a ficar nervosa com a intensidade das contrações.
Nesse momento foi importantíssima a presença do Mário, pois ele, várias vezes, respirou comigo e trouxe-me calma. Resolvi que o melhor era voltar para a água.
A cada contração eu ficava de quatro, embalava meu corpo para frente e para trás. Descansava um pouco e novamente as contrações. Por um instante senti-me exausta! Me entreguei numa mistura de prazer, entre uma contração e outra e exaustão. Acredito que apaguei por alguns instantes. Agora era pra valer! Cada vez mais e mais forte.
Alcancei os 10cm de dilatação e Edvan sugeriu romper a bolsa. Disse que agora era só uma questão de tempo e que como eu já havia alcançado os 10cm não iria mais interferir no parto, pois já estava para romper a qualquer momento, porém eu já estava cansada demais e que assim eu ainda teria forças, pois ainda tinha trabalho pela frente! Estava no meu “Plano de Parto” não romper a bolsa precocemente.
Concordei. Sentei na beirada da banheira e quando veio a contração ele rompeu a bolsa com o dedo, pois já estava baixa. Meu marido me segurava por trás.
No momento da ruptura caí de repente na banheira. Senti um peso enorme! Mario entrou na banheira rapidamente e se posicionou na minha frente. Fiquei na posição de cócoras, apoiada em meu amorzinho. Foi lindo! Trocamos beijos e carinho.
Ele foi maravilhoso! Prendi a respiração e senti vontade de fazer força. Dava para tocar na cabecinha do meu filhote, que começava a descer. Depois de algumas contrações senti apenas uma queimação e sua cabeça saiu! Mudei de posição, agora eu já estava sentada. Seu corpinho escorregou e pude tê-lo, finalmente, em meus braços.
Curtimos esse momento especial na água. O Papai cortou o cordão umbilical depois que ele parou de pulsar. Meus dois amores saíram da banheira. Fiz uma leve força, num gesto automático e natural, e a placenta saiu. Me retirei da banheira e deitei na cama.
Amamentei meu pequeno e dormi cerca de uma hora. Pude me alimentar assim que acordei. Entrou no quarto meu pequeno nos braços do Papai Coruja. Tudo foi mágico!
Durante as contrações gemi, gritei e até rosnei! Despertou em mim um instinto animal muito forte. Várias vezes chamei pelo meu Sol (significado de seu nome “Rei Sol”), para que ele viesse, chorando de emoção ao mesmo tempo que suplicava sua vinda devido ao cansaço. Foi, de fato, uma iniciação que nenhuma mulher deveria negar, usando de artifícios ditos Modernos, por medo ou ignorância, na maioria das vezes, sem precisão! Digo que foi uma experiência engrandecedora. Me sinto uma mulher forte por ter sentido as tão prazerosas “Dores do Parto”!
Agradeço ao meu Amor, por ter me proporcionado essa oportunidade maravilhosa de ser a Mãe de seus filhos e por ter me apoiado a todo momento. Ao Hospital Sofia Feldman e seus profissionais, pela competência e atendimento Individual e Humanizado! Aos Deuses por terem dado à mulher o poder de “Dar à Luz”. Aos amores da minha vida:
Dhayaram e Suraj, que tanto me fazem feliz!